sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dia Mundial dos Desbravadores

Desbravadores praticando ordem unidaPor Augusto Cavalcanti

Durante dez dos 21 anos da minha vida eu participei de um Clube de Desbravadores. Assim que conheci a igreja, entrei no clube. Nem sabia do que se tratava, quando percebi já estava dentro.

Acampamentos, nós, fogueiras, e várias outras atividades envolvem a rotina de um desbravador, e a minha não era diferente. Entretanto, o que eu curtia mesmo, de verdade, era ordem unida. Marchar, quase igual os soldados fazem, sabe? Nossa, como eu gostava.

O tempo foi passando e o gosto pela ordem unida foi se tornando uma habilidade. E modéstia à parte, fiquei bom na coisa. Marchava nas reuniões do clube, na rua, em casa, na escola, até tomando banho. Viciei.

Quando eu tinha, uns 12, 13 anos, o clube que eu fazia parte iria participar de um evento. Uma competição de ordem unida. Fiquei "pilhado". Treinei como nunca antes, passava o dia e noite marchando de um lado para o outro. Ansioso pelo dia da competição.

Até que o grande dia chegou. Acordei cedo, tomei aquele café da manhã reforçado e fui. Me sentia um super herói. Na minha cabeça já passava o filme da vitória. Me imagina subindo no lugar mais alto do pódio, recebendo a medalha, a coroa de louros e os aplausos da multidão. Tudo isso em câmera lenta e com aquela música da Ayrton Senna ao fundo, e o Galvão Bueno aos berros dizendo, “É campeão, é campeão”.

De volta a minha humilde realidade, mas confiante, chegou o meu momento. Eu e mais centenas de desbravadores da minha idade estavam em forma. A competição era simples. Realizar os comandos passados pelo líder, quem errasse saía, o último, ganhava.

Sentido! O primeiro comando já tinha dado. Minhas pernas tremiam tanto, mais tanto, que parecia que ao invés de marchar eu estava sambando, mas continuei firme. As ordens ficavam cada vez mais rápidas e difíceis. A voz do líder que passava os comandos foi ficando cada vez mais incompreensível. Aconteceu o que eu mais temia. Errei.

Fiquei desolado. O sonho da vitória acabou ali, a medalha, os aplausos, tudo. Saindo de fininho, com uma vergonha imensa. Fui aos prantos. Enquanto caminhava de cabeça baixa, buscando um lugar para me esconder, lembro-me como se fosse hoje, de ouvir uma voz que dizia, “Não chora não filhinho, a coroa de Jesus é mais importante”.

Confesso, que na época nem liguei muito. Mas hoje, sinto que fez toda diferença.

Às vezes, somos tomados pelo espírito competitivo. Pela sede da vitória. Treinamos, nos esforçamos ao máximo, buscando um prêmio, uma medalha, um momento especial. Não que isso seja errado, mais não pode ser nossa motivação. Que nesse Dia Mundial dos Desbravadores, você lembre daquilo que realmente importa. A mensagem do advento a tudo mundo em minha geração.


Fonte: ADVIR

Concílio de Primavera em Battle Creek assinala os 150 anos da IASD

Numa réplica do local de reuniões onde a pioneira e profetisa adventista do sétimo dia, Ellen G. White, falou uma vez por 10 horas sobre o Grande Conflito, os líderes da igreja mundial reuniram-se ontem (12) para comemorar o aniversário de 150 anos da Igreja.

A Casa da Segunda Reunião está localizada no campus da Vila Histórica Adventista aqui em Battle Creek, o berço da Igreja Adventista e local do Concílio de Primavera deste ano, uma sessão administrativa semestral da Comissão Executiva da Igreja, seu corpo administrativo máximo.



Os delegados receberam um curso-relâmpago de História Adventista, com detalhes de alguns dos eventos mais obscuros que cercam a formação inicial da Igreja, um forte apelo para aprender as lições do passado e, acima de tudo, um chamado para reacender o entusiasmo que os primeiros adventistas sentiam pela Segunda Vinda de Cristo.

"Nós nunca devemos perder o sentido de que [a segunda vinda de Jesus] está próxima", disse o historiador adventista Jim Nix aos delegados. "Nisto é que nossos pioneiros acreditavam fervorosamente".

Nix, diretor dos Depositários de Ellen G. White, explorou as primeiras raízes da Igreja em Battle Creek durante uma apresentação pela manhã. Quando o pioneiro da Igreja, Joseph Bates, chegou à cidade rural de Michigan, disse Nix, ele pediu ao chefe do correio local que lhe indicasse "o homem mais honesto da cidade", na esperança de que o homem estaria aberto para a emergente mensagem adventista. O homem era David "Penny" Hewitt, um vendedor ambulante tão honesto que se, sem saber, enganasse um cliente com sequer um centavo, sentia-se obrigado a fazer reparações imediatas, Nix disse.

Depois de um "culto da manhã" por Bates que se estendeu até a noite, Hewitt e sua mulher, Olive, ficaram convencidos do sábado do sétimo dia e da doutrina do santuário. O casal tornou-se os primeiros adventistas observadores do sábado em Battle Creek. Em 1860, David sugere dar à denominação em crescimento o nome de "Igreja Adventista do Sétimo Dia", três anos antes de ter sido oficialmente estabelecida.

Os delegados também aprenderam sobre algumas das coisas que o historiador adventista Merlin Burt chamou de "desvios espirituais na liderança" durante a formação inicial da Igreja. "A Bíblia não esconde as fraquezas das pessoas de fé, e nem devemos contar uma história incompleta de nossos pioneiros", disse ele.

Burt, que dirige o Centro de Pesquisa Adventista na Universidade Andrews, que é propriedade da IASD, na cidade próxima de Berrien Springs, Michigan, aproveitou a oportunidade para defender a reputação de um homem que muitos adventistas têm considerado negativamente como um legalista autoritário.


Esse homem, George Ide Butler, se envolveu num acalorado debate com outros líderes adventistas pioneiros sobre a doutrina da justificação pela fé. Butler rejeitava a idéia, alegando que afrouxava as rédeas da lei de Deus.

Em 1888, a saúde de Butler tinha desmoronado. Ele tinha sido "atirado" na liderança da Associação de Ohio após dois dissidentes, Snook e Brinkerhoff, questionarem a autoridade profética de Ellen White e inesperadamente deixarem a Igreja, Nix disse. Butler, mais tarde, atuou por dois mandatos como presidente da Igreja Adventista.

Ele aposentou-se para viver numa fazenda de cítricos na Flórida, onde cuidava de laranjais e de sua esposa, Lentha, que sofrera um acidente vascular cerebral debilitante. Anos mais tarde, numa carta, Butler disse que o ambiente lhe dera amplas "oportunidades para meditação", e admitiu que seus erros foram "múltiplos". Abrandado pela tranquila reflexão, Butler aceitou plenamente a doutrina da justificação pela fé e voltou para a administração da Igreja, sendo o mentor de A. G. Daniels e outros membros jovens.


Designando esta faceta histórica como "redentora”, Burt instou os delegados a aplicarem suas lições para a sua própria liderança.

"Mesmo quando Deus trabalha e muda nossas próprias vidas, nossas limitações ainda permanecem", disse Burt. "É de se esperar que, no entanto, quando somos dependentes de Deus podemos ser mais humildes em nossas opiniões, mais caridosos com os outros, menos críticos, e tentaremos entender os outros e deles nos preocupar. Quando estamos conscientes da misericórdia de Deus, isso nos torna mais misericordiosos e capazes de ser líderes mais eficazes”.

Durante um intervalo do meio-dia, os delegados testemunharam o lançamento de dois novos edifícios no campus da Vila Histórica Adventista -- réplicas da primeira casa publicadora da Igreja e do primeiro instituto de reforma de saúde em Battle Creek.

O presidente mundial da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson, ladeado pelos presidentes das 13 Divisões mundiais, da IASD, levantou a brilhante pá azul para uma foto, em forte contraste com a garoa cinza que encobria a vila. "Que este seja um lembrete da importância da transferência da verdade através da palavra falada e da palavra escrita", disse Wilson, referindo-se à futura editora.

Durante uma apresentação da tarde, o vice-presidente mundial da Igreja Adventista, Delbert Baker, explorou como o método de evangelização da Igreja nos primeiros tempos a situou na vanguarda da defesa da igualdade. Os primeiros adventistas, disse Baker, enfrentaram os temas de escravidão e igualdade, e outras "questões definidoras" de meados do século 19. A Igreja foi oficialmente criada dois anos antes do fim da Guerra Civil, que opôs o norte ao sul dos EUA, numa batalha sangrenta sobre a escravidão, os direitos dos estados e a preservação da União.

Ellen White aconselhou os primeiros adventistas a deixarem que os "eternos princípios bíblicos" orientassem a sua abordagem quanto às relações raciais. Empregando Lucas 4 como o que Baker chama de um "padrão de divulgação”, os adventistas eram "inequívocos" em sua crença de que a Bíblia promovia a ministração a todas as pessoas e instava os cristãos a "libertarem os oprimidos”.

De fato, disse Baker, os primeiros adventistas eram um grupo diversificado, representando bem gênero, idade e etnia. Um ex-escravo chamado Charles Kinney se tornou o primeiro ministro negro da Igreja. A missionária Anna Knight foi a primeira mulher negra a realizar evangelismo na Índia.

O progresso, no entanto, "não foi acidental", ou, às vezes, até mesmo "fácil", Baker lembrou aos delegados. Faz-se muitas vezes necessário "o incentivo aos membros" e o "confronto de Ellen White”.

Os primeiros adventistas também lutaram quanto a deverem-se organizar formalmente como uma Igreja, um assunto que Barry Oliver, presidente da Divisão do Pacífico Sul, da denominação, expôs. Pioneiros como Tiago White foram fervorosos em seu apelo para "sair de Babilônia", que pela primeira vez se interpretava como um desafio para deixar a religião organizada e voltar para a simplicidade do evangelho.

Mas o colapso financeiro e uma necessidade urgente de fundo de divulgação levou a Igreja Adventista a abraçar a organização formal. "O desenvolvimento da missão foi um claro impulso para a organização", Oliver disse, acrescentando que os primeiros líderes foram igualmente claros em advertir que "quando a estrutura inibir a missão, ela deve ser alterada".

A organização formal levou ao grande crescimento mundial da Igreja. Quando a Igreja foi oficialmente criada em 1863, havia 3.500 adventistas. Na virada do século, havia 75.000 membros da Igreja em todo o mundo na América, Europa, Pacífico Sul e outros chamados "campos missionários”.

Durante um período de perguntas e respostas, um delegado perguntou a Oliver se temia que a atual tensão entre a sede mundial da Igreja e regiões locais colocaria em risco a unidade denominacional. Algumas unidades administrativas da Igreja ultimamente têm desafiado a Igreja mundial sobre a questão da ordenação de mulheres.

"Você está me pedindo para ser um profeta”, Oliver disse, arrancando risos dos delegados. Ele pensou por um momento, então recomendou um "equilíbrio" saudável entre a sede mundial da Igreja e a administração regional. "Somos resistentes como uma Igreja, mas a unidade deve ser protegida de forma adequada", recomendou.

 
Fonte: ANN