sexta-feira, 12 de julho de 2013

Ironicamente, os primeiros adventistas eram missionários relutantes

Embora John Nevins Andrews seja com justiça creditado como o primeiro missionário da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ao exterior, a pregação da mensagem adventista na Europa realmente precedeu a sua chegada em 1874 na Suíça por uma década.

Michael Czechowski, um ex-padre católico originário da Polônia, tinha pedido para ser enviado ao seu continente natal para divulgar sua nova fé que anunciava a breve segunda vinda de Jesus. Dirigentes da Igreja Adventista, incertos de sua confiabilidade e honestidade, recusaram o seu pedido. Ele, no entanto, foi em frente e se tornou o primeiro missionário da incipiente denominação no exterior.

Czechowski, que tinha abandonado a esposa e filhos, mais tarde obteve o patrocínio missionário da Igreja Cristã do Advento -- o principal grupo de adventistas observadores do domingo. Tendo o seu caminho garantido, ele ignorou os ensinamentos de seus patrocinadores no momento da chegada na Europa em 1864 e passou a ensinar a mensagem adventista do sétimo dia, ganhando convertidos em todo o continente, inclusive na Suíça, Hungria, Itália e Romênia.

Com uma estrutura de Igreja recentemente criada, começou a expansão da mensagem adventista fora dos Estados Unidos. Mas levaria muitos anos antes de a Igreja Adventista se comprometer inteiramente a missões estrangeiras.

No seio da Igreja, na sua sede nacional – com base no estado de Michigan, EUA – debatia-se ardentemente o sentido do apelo de Jesus, “Ide por todo o mundo”, no Evangelho de Marcos. A maior parte da Igreja de 3.500 membros em 1863 pensava que alcançar as diversificadas populações de imigrantes na América era suficiente, alguns sugerindo que os imigrantes convertessem seus amigos e parentes em sua pátria.



A Assembleia da Associação Geral de  1871 aprovou uma resolução de enviar “o irmão Matteson como missionário para os dinamarqueses e noruegueses” . . . no estado vizinho de Wisconsin.

“Não foi o melhor momento de nossa Igreja”, diz o historiador adventista David Trim, que atua como diretor do Escritório de Arquivos, Estatística e Investigação da Igreja a nível mundial.

Enquanto isso, na Europa, alguns dos seguidores de Czechowski descobriram acidentalmente uma revista adventista entre os seus papéis informando-os que, para a sua surpresa, eles não eram os únicos adventistas do mundo. Os adventistas nos EUA ainda discutiam sobre a viabilidade de levar seus ensinamentos para além das fronteiras nacionais, e igualmente se surpreenderam.

“Os adventistas na América ficaram na verdade um tanto embaraçados ao saberem que já havia crentes adventistas na Europa”, diz Trim.

A descoberta mútua levou os adventistas americanos a convidarem um representante suíço para a Assembleia da Associação Geral de 1869. Ele chegou tarde demais, mas passou o ano nos EUA aprendendo crenças adventistas mais cuidadosamente antes de retornar para casa como um ministro ordenado.



Naquela assembleia de 1869, no entanto, o estabelecimento de uma sociedade missionária foi um passo fundamental no desencadeamento de um processo de duas décadas de reverter a mentalidade da Igreja para missões. A transformação foi auxiliada pela ousadia de um pequeno grupo de crentes que achavam que na verdade se poderia alcançar o mundo, e, de maior significação, a liderança estava se tornando cada vez mais composta de ex-missionários.

A profetisa e co-fundadora da Igreja, Ellen White, mais tarde redigiu seus mais vigorosos apelos para missões estrangeiras depois de passar tempo na Europa na década de 1880 e na Austrália em 1890.

Em 1901, ela declarou na assembleia da Associação Geral, “A vinha inclui o mundo inteiro, e cada parte dele é para ser trabalhada”.

Nesse mesmo ano, Arthur G. Daniells tornou-se o primeiro missionário eleito como presidente da Igreja Adventista, tendo servido na Nova Zelândia e na Austrália por 15 anos.

“É uma história extraordinária de como nossos pioneiros mudaram de mentalidade, porque constituíam um grupo tão pequeno”, diz Trim. “A confiança deste pequeno grupo em pensar que poderiam alcançar o mundo inteiro é surpreendente”.

O padrão para supervisionar a obra de missões estrangeiras pode remontar a quando a Igreja se expandiu para a costa oeste dos Estados Unidos. Foi em 1868, um ano antes do decisivo enfoque em missões da Assembleia da Associação Geral de 1869, que os líderes da Igreja responderam a um pedido por um ministro no distante estado da Califórnia. John N. Loughborough e D . T. Bordeau aceitaram o chamado e trabalharam para construir o que seria uma fórmula para a entrada em novas áreas – conseguir um número suficiente de membros e, daí, estabelecer uma editora, uma revista e um centro médico.



1874 foi mais um ano chave para a missão -- o viúvo Andrews, ex-presidente da Igreja Adventista, levou seus dois filhos para a Europa como o primeiro missionário oficial da Igreja, e a denominação estabeleceu seu primeiro periódico missionário, “Verdadeira Missão”. Também o colégio de Battle Creek, no Michigan, foi criado para treinar ministros para trabalhar nos EUA e no exterior.

Em 1910 um fluxo constante de missionários estava partindo -- os campos missionários anteriores a 1880 estavam se juntando aos EUA como as novas terras adventistas. Os alemães assumiram a responsabilidade pelo Egito, o Império Otomano e a Rússia, os suecos pela Etiópia, os britânicos pela África Oriental e Ocidental, e os australianos pelo Sudeste Asiático e Sul do Pacífico. A Jamaica também enviou missionários, um deles, C. E. F. Thompson, para Gana.

Uma nova publicação, “Trimestrário Missionário”, foi lançada em 1912, contando as histórias de famílias missionárias, incluindo os Stahls na América do Sul, Gustav Perk, na Rússia, os Robinsons, na África do Sul, e outros que haviam deixado os EUA sabendo que talvez nunca mais voltassem.

William A. Spicer, que foi nomeado presidente da Igreja seguindo-se a Daniells e serviu como missionário na Índia, publicou seus pensamentos sobre missões no livro de 1921 “A nossa história de Missões para faculdades e academias”: Missão “não é algo a mais no trabalho regular da Igreja. A obra de Deus é um trabalho, visando ao mundo todo. . . . Levar a mensagem de salvação a todos os povos ... é o objetivo de cada associação,  cada igreja, cada crente”.


Fonte: ANN

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Igreja Adventista do Sétimo Dia: 150 anos


Por que Deus fundou a Igreja Adventista do Sétimo Dia? Hoje, 150 anos após a organização da Associação Geral [sede mundial da Igreja], é um momento oportuno para relembrar nossa história a fim de refletir sobre o valor e a importância da missão profética confiada por Deus a cada um de nós. Ao longo dos séculos de trevas e perseguição, mártires e heróis da fé conduziram a lâmpada da verdade recebida das mãos de Cristo. A luz da Palavra de Deus iluminou os acontecimentos preditos pelos lábios do próprio Salvador como sinais de Sua segunda vinda e do desfecho da história mundial. Eventos como o Terremoto de Lisboa, o escurecimento do Sol e da Lua, a Revolução Francesa e a chuva de estrelas cumpriram profecias que inauguraram o início tempo do fim, marcando o período em que Deus estenderia ao mundo a última oportunidade de preparo para o encontro com Cristo.

Nessa época profética, estudiosos da Bíblia de todo o mundo foram usados pelo Espírito de Deus para interpretar os acontecimentos finais preditos nos escritos de Daniel e Apocalipse. Dentre eles, destaca-se Guilherme Miller, fazendeiro da Nova Inglaterra, EUA, que começou a pregar sobre a mais longa profecia de tempo de toda a Bíblia, os dois mil e trezentos anos de Daniel 8:14, ao final dos quais o santuário seria purificado.

A compreensão desse texto pelos estudiosos indicava que no dia 22 de outubro de 1844 a Terra (o “santuário”) seria purificada pela volta de Jesus. Uma mensagem tão empolgante atraiu a expectativa de multidões de pessoas em comunidades, igrejas, tendas e em grandes reuniões campais. Adeptos de diversas religiões uniram-se para anunciar o cumprimento da mais aguardada profecia bíblica: o retorno do nosso Senhor Jesus Cristo.

O dia marcado com tanta precisão nas páginas sagradas chegou. Sobre rochas, colinas e bosques, milhares de adventistas esperavam receber Jesus em glória. No entanto, o amargor da passagem do tempo lhes trouxe grande desapontamento e decepção espirituais. O tão aguardado evento não se cumpriu conforme a expectativa. Tal fato os levou de volta às Escrituras, e Deus então lhes mostrou que ainda era necessário profetizar a “muitos povos, nações, línguas e reis” (Ap 10:11).

Na manhã seguinte, Hiram Edson, um dos crentes no advento, viu Jesus, o Sumo Sacerdote, adentrar o lugar santíssimo do Santuário Celestial. Ele compreendeu que, enquanto Cristo concluía o plano da redenção no Céu, Seu povo concluiria a pregação do evangelho em todo o Mundo.

E assim, inflamados pela necessidade de restaurar a pureza do evangelho e confirmar a mensagem da profecia bíblica, Deus escolheu um porta-voz para o tempo do fim que receberia a luz do Espírito Santo para iluminar cada vez mais as Sagradas Escrituras, única regra de fé e prática do povo remanescente. Sendo assim, Ellen White recebeu de Deus milhares de sonhos e visões proféticas que promoveram o estudo profundo da Bíblia e o testemunho da Sua mensagem ao mundo. Ela orientou que a verdade presente deveria ser anunciada da forma mais ampla, valendo-se da publicação de revistas, livros e folhetos. Assim, nasceu um sólido ministério de produção e distribuição de literatura para instruir pessoas no conhecimento da Bíblia e na prática de seus princípios. Tal ministério contribuiu de forma poderosa para a formação e desenvolvimento de um povo que deveria representar o amor e a vontade de Deus a toda humanidade.

Esse progresso gerou a necessidade de se arquitetar um plano de organização denominacional a fim de capacitar e qualificar esse povo para o cumprimento da missão evangélica em todo o Mundo. Sendo assim, em 21 de maio de 1863, foi estabelecida a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Nessa data, a Igreja recém-organizada possuía apenas 3.500 membros espalhados em 125 congregações locais. Com essa base lançada, o movimento se expandiu para abraçar todo o globo com a mensagem do advento na esperança gloriosa de Jesus Cristo.

Agregaram-se aos ministérios já existentes diversas novas maneiras de servir àqueles que precisam ser avisados sobre o iminente retorno de Cristo à Terra. Clínicas e hospitais cuidam de restaurar o corpo como um templo. Escolas preparam estudantes para a vida eterna. Os dedicados colportores apresentam orientações preciosas àqueles que, de outra maneira, jamais as conheceriam. Os jovens e desbravadores organizam-se para salvar e servir, tendo o alvo de levar a mensagem do advento ao mundo em sua geração. Abnegados missionários se despedem de sua pátria e cruzam os mares para ir tanto ao gélido polo quanto ao tórrido e escaldante deserto, levando até mesmo às ilhas perdidas em meio ao vasto oceano a cura do corpo e o refrigério da alma.

Cada membro da grande família desse movimento profético é chamado a dar a mão ao Senhor Jesus e erguer o estandarte da fé que uma vez foi entregue aos santos apóstolos e profetas.

Hoje, 150 anos depois de organizada em uma Associação Geral, a Igreja Adventista do Sétimo Dia cumpre sua missão anunciando Jesus em 209 países. Somos uma família de quase 25 milhões de membros participando do privilégio de ser portadores da notícia mais poderosa de todos os tempos: a breve volta de Jesus Cristo a este mundo.

Um aniversário de 150 anos é uma oportunidade para reconhecer que está mais próximo do que nunca o dia de vermos Jesus voltar nas nuvens do céu. Estamos vivendo o tempo propício para buscar de Deus o reavivamento, a reforma da vida e o batismo diário do Espírito Santo. É nosso dever dar ao mundo, num alto clamor, o último convite de Cristo antes de Sua vinda.
           
Ao concluirmos, é oportuno novamente perguntar: Por que Deus fundou a Igreja Adventista do Sétimo Dia? “Em sentido especial, foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incidiu a maravilhosa luz da Palavra de Deus [...] a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 19).

Que Deus derrame sobre nós Seu Divino Espírito, a fim de que, por Seu intermédio, possamos dedicar todos os nossos dons e talentos, nossas forças e energias, no cumprimento dessa sagrada missão.

(Fernando Dias de Souza e Renato Stencel)
 
Fonte: Criacionismo

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dia Mundial dos Desbravadores

Desbravadores praticando ordem unidaPor Augusto Cavalcanti

Durante dez dos 21 anos da minha vida eu participei de um Clube de Desbravadores. Assim que conheci a igreja, entrei no clube. Nem sabia do que se tratava, quando percebi já estava dentro.

Acampamentos, nós, fogueiras, e várias outras atividades envolvem a rotina de um desbravador, e a minha não era diferente. Entretanto, o que eu curtia mesmo, de verdade, era ordem unida. Marchar, quase igual os soldados fazem, sabe? Nossa, como eu gostava.

O tempo foi passando e o gosto pela ordem unida foi se tornando uma habilidade. E modéstia à parte, fiquei bom na coisa. Marchava nas reuniões do clube, na rua, em casa, na escola, até tomando banho. Viciei.

Quando eu tinha, uns 12, 13 anos, o clube que eu fazia parte iria participar de um evento. Uma competição de ordem unida. Fiquei "pilhado". Treinei como nunca antes, passava o dia e noite marchando de um lado para o outro. Ansioso pelo dia da competição.

Até que o grande dia chegou. Acordei cedo, tomei aquele café da manhã reforçado e fui. Me sentia um super herói. Na minha cabeça já passava o filme da vitória. Me imagina subindo no lugar mais alto do pódio, recebendo a medalha, a coroa de louros e os aplausos da multidão. Tudo isso em câmera lenta e com aquela música da Ayrton Senna ao fundo, e o Galvão Bueno aos berros dizendo, “É campeão, é campeão”.

De volta a minha humilde realidade, mas confiante, chegou o meu momento. Eu e mais centenas de desbravadores da minha idade estavam em forma. A competição era simples. Realizar os comandos passados pelo líder, quem errasse saía, o último, ganhava.

Sentido! O primeiro comando já tinha dado. Minhas pernas tremiam tanto, mais tanto, que parecia que ao invés de marchar eu estava sambando, mas continuei firme. As ordens ficavam cada vez mais rápidas e difíceis. A voz do líder que passava os comandos foi ficando cada vez mais incompreensível. Aconteceu o que eu mais temia. Errei.

Fiquei desolado. O sonho da vitória acabou ali, a medalha, os aplausos, tudo. Saindo de fininho, com uma vergonha imensa. Fui aos prantos. Enquanto caminhava de cabeça baixa, buscando um lugar para me esconder, lembro-me como se fosse hoje, de ouvir uma voz que dizia, “Não chora não filhinho, a coroa de Jesus é mais importante”.

Confesso, que na época nem liguei muito. Mas hoje, sinto que fez toda diferença.

Às vezes, somos tomados pelo espírito competitivo. Pela sede da vitória. Treinamos, nos esforçamos ao máximo, buscando um prêmio, uma medalha, um momento especial. Não que isso seja errado, mais não pode ser nossa motivação. Que nesse Dia Mundial dos Desbravadores, você lembre daquilo que realmente importa. A mensagem do advento a tudo mundo em minha geração.


Fonte: ADVIR

Concílio de Primavera em Battle Creek assinala os 150 anos da IASD

Numa réplica do local de reuniões onde a pioneira e profetisa adventista do sétimo dia, Ellen G. White, falou uma vez por 10 horas sobre o Grande Conflito, os líderes da igreja mundial reuniram-se ontem (12) para comemorar o aniversário de 150 anos da Igreja.

A Casa da Segunda Reunião está localizada no campus da Vila Histórica Adventista aqui em Battle Creek, o berço da Igreja Adventista e local do Concílio de Primavera deste ano, uma sessão administrativa semestral da Comissão Executiva da Igreja, seu corpo administrativo máximo.



Os delegados receberam um curso-relâmpago de História Adventista, com detalhes de alguns dos eventos mais obscuros que cercam a formação inicial da Igreja, um forte apelo para aprender as lições do passado e, acima de tudo, um chamado para reacender o entusiasmo que os primeiros adventistas sentiam pela Segunda Vinda de Cristo.

"Nós nunca devemos perder o sentido de que [a segunda vinda de Jesus] está próxima", disse o historiador adventista Jim Nix aos delegados. "Nisto é que nossos pioneiros acreditavam fervorosamente".

Nix, diretor dos Depositários de Ellen G. White, explorou as primeiras raízes da Igreja em Battle Creek durante uma apresentação pela manhã. Quando o pioneiro da Igreja, Joseph Bates, chegou à cidade rural de Michigan, disse Nix, ele pediu ao chefe do correio local que lhe indicasse "o homem mais honesto da cidade", na esperança de que o homem estaria aberto para a emergente mensagem adventista. O homem era David "Penny" Hewitt, um vendedor ambulante tão honesto que se, sem saber, enganasse um cliente com sequer um centavo, sentia-se obrigado a fazer reparações imediatas, Nix disse.

Depois de um "culto da manhã" por Bates que se estendeu até a noite, Hewitt e sua mulher, Olive, ficaram convencidos do sábado do sétimo dia e da doutrina do santuário. O casal tornou-se os primeiros adventistas observadores do sábado em Battle Creek. Em 1860, David sugere dar à denominação em crescimento o nome de "Igreja Adventista do Sétimo Dia", três anos antes de ter sido oficialmente estabelecida.

Os delegados também aprenderam sobre algumas das coisas que o historiador adventista Merlin Burt chamou de "desvios espirituais na liderança" durante a formação inicial da Igreja. "A Bíblia não esconde as fraquezas das pessoas de fé, e nem devemos contar uma história incompleta de nossos pioneiros", disse ele.

Burt, que dirige o Centro de Pesquisa Adventista na Universidade Andrews, que é propriedade da IASD, na cidade próxima de Berrien Springs, Michigan, aproveitou a oportunidade para defender a reputação de um homem que muitos adventistas têm considerado negativamente como um legalista autoritário.


Esse homem, George Ide Butler, se envolveu num acalorado debate com outros líderes adventistas pioneiros sobre a doutrina da justificação pela fé. Butler rejeitava a idéia, alegando que afrouxava as rédeas da lei de Deus.

Em 1888, a saúde de Butler tinha desmoronado. Ele tinha sido "atirado" na liderança da Associação de Ohio após dois dissidentes, Snook e Brinkerhoff, questionarem a autoridade profética de Ellen White e inesperadamente deixarem a Igreja, Nix disse. Butler, mais tarde, atuou por dois mandatos como presidente da Igreja Adventista.

Ele aposentou-se para viver numa fazenda de cítricos na Flórida, onde cuidava de laranjais e de sua esposa, Lentha, que sofrera um acidente vascular cerebral debilitante. Anos mais tarde, numa carta, Butler disse que o ambiente lhe dera amplas "oportunidades para meditação", e admitiu que seus erros foram "múltiplos". Abrandado pela tranquila reflexão, Butler aceitou plenamente a doutrina da justificação pela fé e voltou para a administração da Igreja, sendo o mentor de A. G. Daniels e outros membros jovens.


Designando esta faceta histórica como "redentora”, Burt instou os delegados a aplicarem suas lições para a sua própria liderança.

"Mesmo quando Deus trabalha e muda nossas próprias vidas, nossas limitações ainda permanecem", disse Burt. "É de se esperar que, no entanto, quando somos dependentes de Deus podemos ser mais humildes em nossas opiniões, mais caridosos com os outros, menos críticos, e tentaremos entender os outros e deles nos preocupar. Quando estamos conscientes da misericórdia de Deus, isso nos torna mais misericordiosos e capazes de ser líderes mais eficazes”.

Durante um intervalo do meio-dia, os delegados testemunharam o lançamento de dois novos edifícios no campus da Vila Histórica Adventista -- réplicas da primeira casa publicadora da Igreja e do primeiro instituto de reforma de saúde em Battle Creek.

O presidente mundial da Igreja Adventista, Ted N. C. Wilson, ladeado pelos presidentes das 13 Divisões mundiais, da IASD, levantou a brilhante pá azul para uma foto, em forte contraste com a garoa cinza que encobria a vila. "Que este seja um lembrete da importância da transferência da verdade através da palavra falada e da palavra escrita", disse Wilson, referindo-se à futura editora.

Durante uma apresentação da tarde, o vice-presidente mundial da Igreja Adventista, Delbert Baker, explorou como o método de evangelização da Igreja nos primeiros tempos a situou na vanguarda da defesa da igualdade. Os primeiros adventistas, disse Baker, enfrentaram os temas de escravidão e igualdade, e outras "questões definidoras" de meados do século 19. A Igreja foi oficialmente criada dois anos antes do fim da Guerra Civil, que opôs o norte ao sul dos EUA, numa batalha sangrenta sobre a escravidão, os direitos dos estados e a preservação da União.

Ellen White aconselhou os primeiros adventistas a deixarem que os "eternos princípios bíblicos" orientassem a sua abordagem quanto às relações raciais. Empregando Lucas 4 como o que Baker chama de um "padrão de divulgação”, os adventistas eram "inequívocos" em sua crença de que a Bíblia promovia a ministração a todas as pessoas e instava os cristãos a "libertarem os oprimidos”.

De fato, disse Baker, os primeiros adventistas eram um grupo diversificado, representando bem gênero, idade e etnia. Um ex-escravo chamado Charles Kinney se tornou o primeiro ministro negro da Igreja. A missionária Anna Knight foi a primeira mulher negra a realizar evangelismo na Índia.

O progresso, no entanto, "não foi acidental", ou, às vezes, até mesmo "fácil", Baker lembrou aos delegados. Faz-se muitas vezes necessário "o incentivo aos membros" e o "confronto de Ellen White”.

Os primeiros adventistas também lutaram quanto a deverem-se organizar formalmente como uma Igreja, um assunto que Barry Oliver, presidente da Divisão do Pacífico Sul, da denominação, expôs. Pioneiros como Tiago White foram fervorosos em seu apelo para "sair de Babilônia", que pela primeira vez se interpretava como um desafio para deixar a religião organizada e voltar para a simplicidade do evangelho.

Mas o colapso financeiro e uma necessidade urgente de fundo de divulgação levou a Igreja Adventista a abraçar a organização formal. "O desenvolvimento da missão foi um claro impulso para a organização", Oliver disse, acrescentando que os primeiros líderes foram igualmente claros em advertir que "quando a estrutura inibir a missão, ela deve ser alterada".

A organização formal levou ao grande crescimento mundial da Igreja. Quando a Igreja foi oficialmente criada em 1863, havia 3.500 adventistas. Na virada do século, havia 75.000 membros da Igreja em todo o mundo na América, Europa, Pacífico Sul e outros chamados "campos missionários”.

Durante um período de perguntas e respostas, um delegado perguntou a Oliver se temia que a atual tensão entre a sede mundial da Igreja e regiões locais colocaria em risco a unidade denominacional. Algumas unidades administrativas da Igreja ultimamente têm desafiado a Igreja mundial sobre a questão da ordenação de mulheres.

"Você está me pedindo para ser um profeta”, Oliver disse, arrancando risos dos delegados. Ele pensou por um momento, então recomendou um "equilíbrio" saudável entre a sede mundial da Igreja e a administração regional. "Somos resistentes como uma Igreja, mas a unidade deve ser protegida de forma adequada", recomendou.

 
Fonte: ANN

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013